Crônicas da Primeira Fornada

Comecei com os textos pela internet (por e-mail), comecei com uma série que batizei de "Crônicas da Primeira Fornada", cujos hits são: "Santa Rita de Sampa" (com resposta da Rita Lee), "Crises na Sociedade Universitária" (com resposta do Arnaldo Niskier, então presidente da Academia Brasileira de Letras), "País do Futebol" (com resposta irada do Pena Schmidt), "Os Comparsas do Motoboy Motoca" (que foi vertida pelo José Arbex Jr. e virou capa da "Caros Amigos"), "O princípio de Inutilia Truncat aplicado ao affair Clinton" (com elogio do Olavo de Carvalho), "Ratinho — o homem que não leu nenhum livro inteiro" (com a manifestação exaltada do Gerald Thomas, que me chamou de "genial") e, por fim, "Valéria Piassa Polizzi e a Geração dos Anos Noventa" (que volta e meia me traz um internauta perdido que pergunta: você não tem o e-mail da Valéria? Não, não tenho).

Catorze Semanas de Colunismo Exacerbado

A segunda coletânea, ainda que cheia de crônicas, já apontava para um certo articulismo e consolidava minha coluna semanal — por isso resolvi chamá-la de "Catorze Semanas de Colunismo Exacerbado", cujos hits são, em primeiro lugar, "Quem tem medo do Jô Soares?" (que é um dos top ten e que me rendeu entrevista para a rádio BBC de Londres), em seguida, "Diogo Mainardi em Contra o Brasil e os Brasileiros" (que me encheu de orgulho ao provocar a manifestação do próprio Diogo Mainardi), depois, "A Nova Igreja e seus Padres Aromáticos" (que inaugurou minha era de colaboração com o Observatório da Imprensa do Alberto Dines), "Mickagem Generalizada, a culpa é de quem?" (que detonou o ódio insano, e a conseqüente divulgação, do ator José de Abreu), "Com vocês, os impagáveis Impostos" (que me pôs na seção "leitores" do Estadão), "Todos os Lados do U2" (que me pôs na seção "leitores" da revista Showbizz), "Por uma Convivência Eleitoral mais Plácida" (que me rendeu reconhecimento na revista Trip), "Carne Trêmula é o Anti-Almodóvar" (que me rendeu ligação do pessoal da Exame), "Todo mundo tem a sua Lolita" (que me rendeu o elogio entusiasmado do José Truda Palazzo Jr.) e "Carlinhos Brown é o Soul que Xangô Mandou" (que me rendeu polêmica com o Daniel Piza).

Primeiros Sabores de Noventa e Nove

A terceira coletânea foi a consagração da coluna. Marca minha progressiva desvinculação dos fatos semanais, crescente inclinação para a análise de temas mais "permanentes". Chamei-a de "Primeiros Sabores de Noventa e Nove", e contém clássicos como "Nos tempos da formosa Tiazinha" (sobre o fenômeno do Carnaval), "Rubem Fonseca — o espadachim das letras brasileiras" (que me rendeu um telegrama inesquecível do próprio Rubem), "Ensaio Geral de Gilberto Gil — um legado para sempre" (que me rendeu o cumprimento do produtor Marcelo Fróes), "Céus! Como pudemos acreditar que ganharíamos o disparatado Oscar?" (veramente um "furo de reportagem", um dia depois da cerimônia), "Pelo sangue que jorra nos Bálcãs" (artigo pelo qual recebi menção na coluna do JT do Moacir Werneck de Castro), "A vida é bela ma non troppo" (na contramão da consagração de Roberto Benigni), "A Gula Portentosa de Luis Fernando Verissimo" (que foi parar no site da editora Objetiva e que me aproximou do ator Juca de Oliveira), "Wilde — a Movie of Great Importance" (sobre o inesquecível dramaturgo irlandês), "Bolsas Sem Valores, Vidas Sem Sentido" (artigo pelo qual recebi mensagem de apoio do então senador Roberto Freire), "Philip Roth e a Pastoral Americana" (meu primeiro mergulho num autor de calibre), "Reflexões sobre a propalada Guerra dos Sexos" (um dos melhores no ranking da minha família), "Ruy Castro e a Mistificação do Rock" (outra polêmica das boas...) e "Da lama que sopitta na Câmara Municipal Paulistana" (para se ler antes de votar).

Admirável Mundo Tolo

A quarta coletânea marca a mudança de periodicidade (de semanal para quinzenal) e um conseqüente aprofundamento das questões e dos textos. Vão-se de vez as crônicas; prevalece o articulismo — já apontando para um certo ensaísmo. Vai-se a ligação com as atualidades e as notícias; rareiam, portanto, as mensagens dos leitores, os elogios breves e as antipatias gratuitas. Chamei a coleção de "Admirável Mundo Tolo". Destacam-se, primeiramente, "Admirável Mundo Tolo" (o texto), em que defino inteligência, enquanto ponho abaixo as teorias sobre "gênio genético"; "Aspirante a Candidato", em que trato da candidatura de Ciro Gomes, mencionando outros personagens, num belo uso de metáforas; "Kubrick e os Olhos que terra há de estar comendo", sobre a derradeira obra-prima de um dos derradeiros mestres do cinema; "Na panela de pressão de Lenine", destaca minha adesão completa à arte musical inovadora de Lenine; "Da Matrix que nos une", delirante meditação que liga Descartes ao futurismo do filme (também minha primeira colaboração para o site www.okay.com.br); "A inteligência puramente musical de Caetano Veloso", um dos campeões de audiência e um dos meus desentendimentos intelectuais com a Carol; "Eu morri, há meros dez anos atrás", sobre Raul Seixas; também minha primeira colaboração com o extinto pasquim "Página Central"; "Se o amor da sua vida fosse J. D. Salinger", ousada reflexão sobre o Amor; provocou esgares no Daniel Piza e uma manifestação encantadora do meu amigo cineasta Pi; "O Inferno segundo Jean-Paul Woody Allen", um dos primeiros flertes com a filosofia, e uma exaltação do excelente "Desconstruindo Harry"; "Sublime Guinga — salvando, mais uma vez, a alma brasileira", modesta homenagem a um dos últimos gênios da Música Brasileira; "O Tecno e a trilha sonora do Homem de Lata", volta da colaboração com os periódicos da USP, através do Humberto Luiz Valdivia; "Para além da rebeldia juvenil: a Violência", um dos textos preferidos lá em casa; trata da irresponsabilidade e da inimputabilidade do juvenil da nossa era.

Últimas de J. D. Borges

A quinta coletânea foi fechada recentemente, quando me dei conta de que, naturalmente, estava produzindo ensaios. Coincide com a expansão vertiginosa de leitores da coluna (para mais de um milhar), através de indicações e de pedidos de adesão. Provavelmente vou chamar essa coleção de "Últimas de J. D. Borges", por motivos que explico no meu Curriculum Vitae. Abre com "A Sociedade Anti-Social", artigo produzido depois do choque do maníaco do shopping (que feriu um amigo meu de colégio e assassinou sua namorada); em seguida, "Teia de Alcance Mundial", uma exultação franca das possibilidades da internet (aproximou-me do cartunista e, companheiro de debates, Spacca); "Sinatra e a morte da elegância", sobre o impecável "Sinatra in Concert '57", consolidando meus contatos com a misteriosa ZD; "A marca da ansiedade ou Conhece-te a ti mesmo", texto inevitável sobre a tão falada virada de milênio, século ou década; proporcionou o retorno de um leitor antigo e ilustre, o educador Roberto Macedo; "Notícias de um plano alto", sobre o clássico e controverso livro de Mario Sergio Conti; "Basta João", declaração de amor ao inigualável João Gilberto; "American Boy, American Girl, most beautiful people in the world", reunião de insights sobre o filme "Beleza Americana", inspirou trabalho de graduação de psicologia da Camila, irmã da Bruna, namorada do meu cunhado Lelo; "Brasil: 500 anos de parco amadurecimento intelectual", uma crítica implacável à minguada inteligência dos nossos intelectuais e artistas contemporâneos; provocou as reações mais exaltadas que já recebi, aproximando-me do grande Arnaldo Caiche; "Oigame, compay, no deje el camino por coger la vereda", retrata minhas impressões do filme e da turma do Buena Vista Social Club, enquanto promove o retorno do célebre leitor J. O. de Meira Penna; "Marisa Monte da cabeça aos pés", que alguns entenderam como escárnio, outros entenderam como consagração; vale o quanto pesa (para cada um); "Boutroux e o Estagirita", minha mais aberta adesão ao mundo da Filosofia e dos filósofos; "Max, Andréas, Igor e Paulo", sobre um quarteto venerado fora do Brasil e, quase desconhecido, ou execrado, dentro dele; adivinhem quem é; inaugura também minha colaboração com o site www.musicaemercado.cjb.net do Helcio Bertolin.

Julio Daio Borges

9 de agosto de 2000.

(Visite também a seção especial dedicada à coletânea A Poli como Ela é...)