Correspondência

A quantas milhas de distância está você de mim?
Quantas são as razões
As pessoas
E os detalhes que nos separam?...
Eu te envio toda a saudade dentro do envelope
E a minha correspondência viaja tanto quanto
Minhas pernas
E meu coração
Não podem.
E quando nos reencontrarmos
Nossos olhos, nossos lábios e nossas mãos
Vão desejar se abraçar
Tão íntimos
Quanto nunca foram.
Eu aguardo as suas missivas,
As suas palavras
E busco nelas todo o sentido
Que acho nas estrelas.
Tudo o que vivo,
O que sinto,
O que sofro
Tem como referencial
Aquilo que você possa estar
Vivendo, pensando, sentindo, sofrendo.
Então não quero sofrer mais,
Para que você não sofra também.
Caminho na chuva,
Ouço palavras polidas que me machucam,
Encontro pessoas que me magoam
E me sinto muito sozinha.
Espero de novo pelas suas cartas
Úmidas, noturnas e sombrias,
Que são só minhas.
O mesmo não posso dizer das suas palavras.
Por que estamos tão distantes?
Eu te escrevo flores,
Recolho o sol,
Pinto o céu azul
E conto a vida colorida
Antes de selar.
Não sei se te amo.
Não sei se o seu amor me basta.
Chove, anoitece.
Os dias passam sem você
E a sua resposta não chega.
Você não me ama bastante,
Tanto quanto eu gostaria,
Tanto quanto meu sonho pediria.
Mas é em você que eu penso
Quando estou só.
Será que sente como eu?
Será que está sozinho?
Será que chora?
Será que quer me beijar
Tanto quanto beijaria qualquer outra
Que o destino lhe enviasse agora?
Estamos dançando em pensamento.
Nossas saudades viajam pelo ar
E se encontram em algum ponto da estrada, do caminho.
Em algum monte verde, com céu cinza e molhado.
Vamos correr pela noite
De mãos dadas
Com medo até aquela fogueira
Ou àquela casinha branca
Que só se distingue do breu
Pelo candeeiro.
Vamos cear com aquela família
E depois em outro, em outro
E em outro lugar.
Dia após dia.

Vanessa Chaves Vieira

Vanessa Chaves Vieira é estudante do 3º ano de jornalismo da UFG.