Quem não acredita em Michael Jagger? No último mês, quem viveu no Brasil, não teve como escapar dos Rolling Stones. Eles estavam em todos os jornais diários, nas revistas, nos noticiários da TV, em outdoors e, até em carros! Quem não gosta dos Stones ou não tem o mínimo interesse deve ter dito: "Mas isso não é um exagero? Eles merecem tudo isso? Porque, afinal, convenhamos, eles, literalmente, invadiram o Brasil!". Não precisa ir muito longe para entender o porquê dessa cobertura, aparentemente, exagerada, basta assistir à razão de toda a bandalheira: o show deles; na TV mesmo. Quem pode negar Jagger? Parece impossível que exista alguém, na sua idade, com aquele corpo (que eu na casa dos vinte não tenho!) e que corra, pule, grite, dance, por duas horas quase ininterruptas (!), em mais de cento e vinte shows, durante mais de dois anos inteiros, sem praticamente desafinar, sem errar um passo, um movimento e, mais importante de tudo, tendo levado uma das vidas com mais excessos e abusos em toda a História da Humanidade! Aliás, é impossível!! Só um deus faz o que quer e conserva-se eternamente jovem. Você acredita em Mick Jagger? Talvez, quem tenha sobrevivido aos anos sessenta, setenta e oitenta, na maior banda de Rock'n'Roll do mundo, sobreviva a qualquer coisa. Talvez quem tenha sobrevivido a Elvis, Beatles, Doors, Hendrix, Pink Floyd, Led Zeppelin, Sex Pistols, Queen, Smiths, U2, e mais recentemente, Guns'n'Roses e Nirvana, deve viver para sempre, não deve? Porque Jagger não comeu até morrer, não foi assassinado, não morreu de overdose, nem de coma alcoólico ou AIDS, não enlouqueceu, não foi dominado pelo showbusiness e, tão pouco, se suicidou. Mr. Jagger, qual é a receita? Abandone os estudos e monte a maior banda de Rock'n 'Roll do mundo, tome todas as drogas, desde a maconha até o ecstasy, coma todas as menininhas, desde a Austrália até a Finlândia e faça qualquer outra coisa que tiver vontade, não importando as consequências. Mas, antes de tudo, seja um gênio ou um Jagger, que é único. As tentativas de Madonna de chocar o mundo são de uma pureza quase infantil, perto do que Jagger e seus comparsas já fizeram; e não ao longo de dez anos, mas ao longo de trinta! Dá para medir forças? Dá para comparar? E o comunista (comedor de criancinhas) do Michael Jackson? Se o grande lance fosse mesmo casar com Lisa Marrie, Jagger, há duas ou mais décadas atrás, já teria se casado com o próprio Elvis Presley e não seria um ato imperdoável diante do mundo, como todas as suas outras investidas bissexuais, como, por exemplo, ter sido flagrado na cama com David Bowie. Ele não deixou de ser o maior showman do mundo, nem por um segundo. Depois, ainda comentam o que Madonna fez pela sexualidade. Céus, ela não fez nada! Se o Stones não tivessem sido um dos principais representantes da liberação sexual dos anos sessenta, através da pílula anticoncepcional, indubitavelmente, o mundo de hoje seria outro. Por outro lado, talvez não estivéssemos pagando os dividendos daquela geração com a AIDS. Mas o fato, incontestável, é que: Quem viveu nesse planeta em qualquer momento das últimas três décadas, foi, bem ou mal, influenciado pelos Rolling Stones. Quem vive é, e quem viverá ainda será influenciado. Os Stones não desafiam só o tempo, mas o Universo inteiro. Vendo Mick Jagger, Keith Richards e Charlie Watts no show do Rio, parece inaceitável que eles sejam os mesmos daqueles programas de auditório dos anos 60 (como o Ed Sullivan show), em preto e branco. Não foram os bons meninos da Ciência que descobriram o elixir da juventude eterna, mas, sim, os maus meninos do eterno, diabólico e, muitas vezes considerado, ingênuo, Rock'n'Roll. Mesmo com essa carga maléfica, no fim das contas, os Rolling Stones conseguiram ser mais populares que Jesus Cristo. |